Veto da China à carne brasileira afeta mercado nacional
Suspensão que já chega a dois meses mexe com a cadeia produtiva e afeta diversos setores
Com quase dois meses de duração, a suspensão dos embarques de carne bovina para a China já afeta a produção no Brasil, visto que o país asiático é o principal importador da proteína brasileira.
Esse cenário afeta de forma significativa a cadeia produtiva de vários setores, conforme explica o gerente da Fazenda Santo Antônio, Daniel Mello, à CNN. “A queda do preço do gado gera muitas preocupações em relação ao presente e ao futuro, mesmo considerando que a mudança é passageira”, diz.
No dia 4 de setembro, depois da confirmação de dois casos de “doença da vaca louca” em rebanhos brasileiros, o envio de proteína de boi aos asiáticos foi suspenso voluntariamente pelo Brasil, cumprindo o que prevê um acordo sanitário internacional.
Após dez dias, no dia 15 de setembro, a Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) concluiu que os casos de contaminação foram isolados, portanto, não haveria riscos para a saúde pública. Ainda assim, a parceria comercial ainda não foi retomada.
Com isso, estima-se que cerca de 100 mil toneladas de carne estejam represadas aguardando uma solução.
Por recomendação do Ministério da Agricultura, a produção de carne foi suspensa temporariamente. A carne, que já estava aqui no Brasil, fica armazenada em contêineres refrigerados e a orientação é que os produtores a vendam ao mercado interno ou a outros países. O problema, segundo especialistas, é que o corte que a China compra é único. Ou seja, não é consumido e absorvido por outros mercados.
Com menos carne saindo do país e o preço da arroba despencando, o esperado era que o preço no mercado interno baixasse, mas o contrário disso vem sendo observado.
No estoque do frigorífico Torres, em São Paulo, por exemplo, as caixas com produtos — que iam até o teto há uma semana, segundo funcionários do local — agora estão num nível baixo para os padrões normais de operação. A explicação para esse desequilíbrio está na base produtiva.
“Com essa diminuição do abate, a gente acaba ficando com déficit desses cortes com linhas mais sofisticadas, como a picanha. Sentimos falta dessa carne aqui no açougue”, disse a proprietária do frigorífico, Camila Quevedo.
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, se dispôs a ir até a China negociar pessoalmente uma solução para o impasse. O protocolo assinado entre os dois países não define os passos para a retomada do comércio depois de eliminados os riscos da doença, mas o governo brasileiro tinha a expectativa que as vendas ficassem suspensas apenas por apenas treze dias, como ocorreu em 2019.
Na quinta-feira (21), o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, participou em uma videoconferência com o ministro de Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi. De acordo com França, o ministro chinês sinalizou que o impasse será resolvido o mais breve possível.
Segundo apurou a CNN, o presidente Jair Bolsonaro também foi aconselhado a fazer um gesto diplomático ao governo chinês sobre a importância das relações comerciais com a China.
Créditos CNN
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