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China quer aprofundar cooperação com o Brasil em agricultura sustentável

 

China quer aprofundar cooperação com o Brasil em agricultura sustentável

Published: 2021-05-25 09:23:35
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A China quer aprofundar a cooperação e a troca de informações com o Brasil em agricultura sustentável, segundo o ministro da Agricultura e Assuntos Rurais chinês, Tang Renjian. Ele participou na última semana do Diálogo Brasil-China em Agricultura Sustentável. O evento online de dois dias teve também a presença da ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento brasileira, Tereza Cristina, e do embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, entre outras autoridades.

Nos debates, promovidos pelo Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) e pelo think tank chinês Institute of Finance and Sustainability (IFS), Tang Renjian apresentou quatro propostas para aprofundar a cooperação bilateral, incluindo o desenvolvimento conjunto de tecnologias que viabilizem a produção sustentável, além de um pilar voltado a estreitar visitas técnicas e intercâmbios. Segundo o ministro, é também preciso fomentar o comércio bilateral, alinhando projetos de investimento e comércio; e consolidar a cooperação multilateral em organismos como FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), OMC (Organização Mundial do Comércio) e os Brics (mecanismo informal que reúne China, Brasil, Rússia, Índia e África do Sul), além de outros fóruns multilaterais.

O aprofundamento da troca de informações foi um dos pontos de convergência entre os participantes. O presidente do Institute of Finance and Sustainability da China, Ma Jun, afirmou que o país asiático tem recursos e 700 fundos verdes, mas carece de informações sobre projetos de agricultura sustentável no Brasil que poderiam receber financiamentos. Para ele, o Brasil deveria promover suas ações e iniciativas, além de oportunidades, com mais regularidade para os chineses, especialmente via eventos, incluindo road shows. Ma chegou a sugerir a criação de um fórum permanente para debater agricultura sustentável e finanças verdes entre Brasil e China.

“Se o setor financeiro pode prover recursos para apoiar uma cadeia de suprimentos verdes, então os produtores se beneficiam com o aumento de cultivos que podem reduzir emissões, evitar desmatamento e prevenir perda de biodiversidade”, disse Ma, ex-economista-chefe e ex-membro do Comitê de Política Monetária do Banco Popular da China, o banco central do país asiático. O economista também preside o Comitê de Finanças Verdes da China, é co-presidente do Grupo de Estudos sobre Finanças Verdes do G20 e atua como conselheiro especial do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.

O tema da biodiversidade foi outro dos destaques da fala do embaixador chinês no Brasil, visto que a China sediará, em outubro deste ano, a CCOP15 sobre Diversidade Biológica das Nações Unidas, que ocorrerá na cidade de Kunming, capital da província de Yunnan.

Preservação em foco

A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, ressaltou que o Brasil tem um dos maiores programas do mundo de agricultura de baixo carbono, o Plano ABC+, que já levou à adoção de tecnologias do tipo em 20% da área cultivada do país. É um passo importante rumo a uma agricultura mais sustentável, pois como apontou o ex-chefe de análise de risco do Fundo de Cooperação China-América Latina e Caribe, Fan Xiwen, “Brasil e China podem ser líderes na agricultura sustentável e no aumento da produtividade. Combinados, os dois países podem prover comida básica para mais de 4 bilhões de pessoas, mais de 50% da população total do mundo”.

Mas como ressaltou o professor catedrático e reitor de Global Food Economics and Policy na China Agricultural University, Fan Shenggen, “todos os anos, muitas espécies, centenas de milhares de espécies, são perdidas, em grande parte em razão da nossa maneira insustentável de produzir alimentos.”

E a produção de alimentos terá de crescer. O CEO da BRF, Lorival Luz, um dos palestrantes, disse que a população mundial deve chegar a 10 bilhões de pessoas em 2050. E como destacou o presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), Marcos Troyjo, as economias em desenvolvimento, quando ampliam a renda, costumam, como consequência, incrementar primeiro o consumo de alimentos. É uma oportunidade para ampliar produção agrícola e exportações, inclusive investindo em produção intensiva em tecnologia.

No encontro, ficou claro que financiamento, inovação e bioeconomia são necessários para garantir a preservação da biodiversidade junto ao desenvolvimento em países emergentes. Preservar tem também sentido econômico, já que consumidores de todo o mundo, inclusive na China, estão cada vez mais conscientes em relação à sustentabilidade dos produtos que compram. Tal movimento já é percebido pelas autoridades brasileiras. A ministra Tereza Cristina disse ao abrir o primeiro dia de evento que o Brasil tem o compromisso de trabalhar junto com a China para garantir segurança alimentar, aumentando a oferta dos consumidores chineses, que têm mudado os hábitos alimentares e prestado cada vez mais atenção à sustentabilidade.

Economia circular e o Brasil na China

No encontro, ficou também evidente que há oportunidades para os setores de papel e celulose brasileiros no mercado chinês, visto que há na China um movimento para substituir embalagens plásticas e fibras têxteis, com base em combustíveis fósseis, por alternativas biodegradáveis. A secretária-geral do Committee of Green Circular and Inclusive Development of All-China Environment Federation, Jiang Nanqing, mostrou que há oportunidades para o setor de papel e celulose brasileiros se este prestar atenção a tendências na China. O país quer eliminar o uso de plástico e de embalagens descartáveis, preocupação que se acentuou com o grande volume de resíduos gerado aumento do e-commerce. Desde 2013, a China tem o maior comércio eletrônico do mundo.

Neste sentido, o embaixador chinês destacou que há novas oportunidades. “Espero que empresas possam intensificar a cooperação em áreas emergentes, como agricultura inteligente, agricultura verde e agricultura orgânica, elevar o grau de inteligência, automatização e competitividade internacional da agricultura de ambos os países.”

Hoje, o Brasil já é o principal fornecedor de soja à China e um dos principais de carne, entre outros produtos da cesta do agronegócio.

Autora: Janaína Camara da Silveira,jornalista e criadora do Radar China, plataforma de análise das relações sino-brasileiras


Créditos CRI

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