Os planos municipais de autoconsumo, a exportação de produtos do exterior e da Zona Especial de Desenvolvimento de Mariel (ZEDM) e o processo de contratação de produtos agrícolas, com o fim de atender a demanda nacional, foram pontos essenciais no balanço anual do Ministério da Agricultura. (Minag), chefiado por Miguel Díaz-Canel Bermúdez, presidente da República.
O presidente afirmou que, para desatar as forças produtivas e cumprir essa indicação do general-de-exército Raúl Castro Ruz, é necessário eliminar uma série de obstáculos que a economia tem.
O desenvolvimento da produção de alimentos no país depende, antes de tudo, do desenvolvimento de nossas próprias forças. Portanto, Díaz-Canel Bermúdez enfatizou especialmente a necessidade de encontrar maneiras de generalizar, no menor tempo possível, as boas experiências que vêm se desenvolvendo no setor, compartilhá-las e gerenciar essas boas práticas de produção em todos os cenários de nosso ambiente agrícola.
«Desse modo», acrescentou, «o esforço realizado em muitos lugares, que tem sido excelente, pode se tornar em resultados produtivos e na satisfação das necessidades alimentares de nosso povo, bem como um melhor aproveitamento de nosso potencial para exportar e desenvolver a agricultura».
Sem desconsiderar a complexa situação econômica em que o país opera, o chefe de Estado insistiu na urgência de pensar diferentemente diante de novos cenários. «É preciso semear de maneira diferente, buscar alternativas, porque precisamos cumprir os planos de semeadura, mesmo que não tenhamos combustível e aqui há talento suficiente para fazê-lo», avaliou.
Gustavo Rodríguez Rollero, chefe do Minag, expressou que, em 2019, foram identificados 16 principais obstáculos que limitam o desenvolvimento da produção agrícola, que afetam o sistema cooperativo, o sistema comercial e observou que está sendo feito um trabalho para erradicá-lo.
Durante a reunião, que contou também com a presença de Esteban Lazo Hernández, presidente da Assembleia Nacional do Poder Popular e do Conselho de Estado, enfatizou-se na necessidade de buscar alternativas diante da escassez de recursos e de combustíveis, que impõe o cerco econômico dos EUA contra a Ilha.
O ministro da Agricultura enfatizou que somente dessa maneira os investimentos no setor podem ser apoiados. «O desafio será como colocá-los em produção com eficiência, pagar seu valor nos termos acordados e fortalecer sua viabilidade econômica».
Ydael Jesús Pérez Brito, primeiro vice-ministro do Minag, referiu-se ao trabalho realizado durante o ano na contratação de produtos agrícolas, um processo proposto para atingir cada um dos 400.000 produtores que o país possui.
O executivo garantiu que, no ano passado, esse exercício foi realizado com maior transparência e eficácia, graças ao uso do sistema de informação e planejamento agrícola (SIPA).
Aprofundou acerca do plano municipal de autoconsumo e os reajustes realizados com vista ao uso e controle eficaz da terra, para alcançar os volumes per capita de cada produto estipulado por pessoa e por mês.
Sobre esse ponto, o ministro do Minag acrescentou que era necessário obter um desenho concreto para essa atividade, além de elevar o nível de treinamento dos produtores em relação a tudo o que se relaciona à autossuficiência nos territórios.
«Há muita ignorância em aspectos como o valor das sementes, o papel dos clones, a estratégia de plantio, o planejamento agrícola. Isso representa um problema quando se trata de concretizá-lo com um produtor em uma cooperativa, e a realidade é que, de 150 mil hectares de mandioca e 150 mil hectares de bananeira, alcançamos metade», afirmou.
Da mesma forma, referiu-se à necessidade de desenvolver gado na Ilha, entre outras coisas, para pagar a quantidade de proteína exigida pela autossuficiência municipal.
Nesse sentido, insistiu na possibilidade de reutilizar infraestruturas que antes eram projetadas exclusivamente para bovinos de corte, e que hoje podem ser usadas no cultivo de porcos, galinhas, coelhos, ovelhas e peixes, entre outros itens. Apontou quase 8.000 infraestruturas típicas no país, que estaremos recuperando para esses usos.
Por sua parte, Salvador Valdés Mesa, vice-presidente da República, insistiu no tratamento de contas a receber e a pagar e o não pagamentos a produtores, aos quais Rodríguez Rollero respondeu que até o momento 53% são dívidas do ramo, e que, para o Congresso da Associação Nacional de Pequenos Agricultores, o sistema agrícola teria que chegar sem dívidas pendentes desse tipo.
Da mesma forma, discutiu-se o potencial oferecido pela jurema para a exportação de carvão vegetal, bem como a obtenção de divisas necessárias à expansão de outros itens de primeira ordem para a economia nacional e a segurança alimentar da população.
No evento, que também contou com a presença do comandante da Revolução Guillermo García Frías, constatou-se que as exportações cresceram em 2019 em 16,9 milhões de dólares em relação ao ano anterior, e que as importações totalizaram 172,2 milhões. Da mesma forma, deixaram de ser executados 101 milhões de dólares dedicados à importação de matérias-primas que, segundo Rodríguez Rollero, deveriam ser substituídos por produções nacionais e iniciativas locais.
Díaz-Canel enfatizou a necessidade de mudar a mentalidade importadora que até agora prevalece nos líderes e produtores do país. «Isso nos quebra a inovação, o nosso pensamento, nos impede. Porque quando aceitamos que, para fazer algo, precisamos importá-lo e não criá-lo, simplesmente aparece a justificativa para não fazer nada se não houver financiamento», afirmou.
No entanto, um exemplo de bom trabalho, nesse sentido, foi o caso da empresa agroindustrial de Ceballos, um dos centros de exportação mais bem-sucedidos e consistentes dos últimos anos. Wilber Bringas Fernández, diretor dessa empresa, explicou que a entidade desenvolveu um esquema que consiste em solicitar empréstimos de bancos com sede em Cuba para garantir itens crescentes, como abacaxi, enquanto os valores de exportação desse produto cobrem a dívida e permitem expandir a produção.
«Estabelecemos uma capacidade de compra para que o produtor adquira a tecnologia de que precisa para desenvolver a colheita à qual se dedica. Por meio desse mecanismo, esse produtor poderá comprar produtos químicos, fertilizantes e alguma outra técnica necessária para aumentar o rendimento. Assim, o polo planeja vender cerca de nove milhões de dólares», acrescentou Bringas Fernández.
Sobre o assunto, o presidente cubano refletiu que, diante dos problemas de conversibilidade assumidos pela economia cubana, sempre será necessária uma massa monetária para a aquisição de produtos e suprimentos, visando atender às necessidades da população.
A necessidade de aumentar as taxas de alimentação para consumo animal a partir de iniciativas internas foi discutida e os desafios da alocação ajustada de combustíveis para a produção foram amplamente discutidos. Da mesma forma, foi discutido o programa de grãos para consumo e exportação nacional e a inclusão na Zona de Desenvolvimento Especial de Mariel de várias empresas no sistema agrícola.
Segundo Rodríguez Rollero para 2020, das 12 produções destinadas à ordem estadual, sete crescerão: tabaco triturado para exportação, entrega de milho para consumo animal, arroz, ovos, carne de porco, leite e café; enquanto o tomate para a indústria, o sorgo para consumo animal, o feijão e a madeira serrada diminuem.
Afirmou que a agricultura continua apostando em seu desenvolvimento com um espírito otimista, demonstrado dia a dia na luta dos camponeses, cooperativas e empresas agrícolas cubanas, que superam com soluções o brutal bloqueio imposto pela Administração dos EUA contra Cuba.
PRECISÕES DO PRESIDENTE
- Gerenciar a terra com mais eficiência.
- Dada a baixa disponibilidade de combustível, usar mais a tração animal.
- Aumentar a policultura para otimizar o uso da terra preparada para o plantio.
- Dedicar investimentos à implementação de painéis fotovoltaicos para fornecer sistemas de irrigação.
- Incorporar a tecnologia que temos disponível para os processos de produção, como o uso de drones, para contar e verificar as colheitas no campo.
- Aproveitar os resíduos do ramo pecuário para uso em biogás e como fertilizantes.
Créditos Gramna, publicado originalmente em - http://pt.granma.cu/cuba/2020-03-13/ministerio-da-agricultura-a-mentalidade-de-importacao-quebra-a-inovacao-e-o-desenvolvimento
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